domingo, 5 de outubro de 2008

SOMOS TODOS DEFICIENTES FÍSICOS


Sergio Milani - Agosto 1998

O ser humano já nasce com uma tremenda deficiência física: é limitado, programado para um pequeno período de vida útil.

Poucos percebem esta realidade, a sensação que temos é de que possuímos poder ilimitado.

Quando perdemos a saúde, esta verdade se apresenta com enorme clareza.

Essa limitação devia restringir-se ao físico, deixando a mente ou espírito imune à degeneração. Mas não é bem isto que ocorre...

Na realidade, por vezes nos deparamos com físicos perfeitos dotados de mentes deficientes, de espíritos inválidos. Como também localizamos mentes luminosas, espíritos brilhantes, em corpos físicos mutilados, aleijados...

Então, por que o preconceito? Por que discriminar a deficiência física, já que todos somos finitos enquanto corpos, e só o espírito sobrevive? O deficiente físico só quer ser tratado com igualdade, ele não é nem melhor nem pior que os outros.

A razão do preconceito é que a deficiência física incomoda, aparece, constrange, enquanto o deficiente de espírito, o aleijado moral, na maioria dos casos, possui excelente aparência, é articulado e até desempenha altos cargos públicos ...

A arte é uma das formas mais puras de representação do espírito e permanece alem da efêmera vida do corpo físico. Quem não se emociona ao ouvir Mozart? Onde estarão os restos do notável compositor, enterrado em uma vala comum?

Há cerca de quatro anos, sofri algo, diagnosticado como Encefalomielite de Etiologia Indeterminada, que me tirou os movimentos das pernas e de parte do corpo, prejudicando também a fala. Tem-me proporcionado intensas dores e enorme desconforto físico.

Mas todo o sofrimento trouxe algo de útil: a descoberta do imenso potencial do espírito humano, da valentia e destemor de pessoas que tinham tudo para desistir, mas mantêm a Luz acesa, o espírito aberto e criativo, a chama da vida cada vez mais luminosa.

Este site é dedicado a todos vocês, bravos guerreiros e guerreiras, anônimos na maioria, que conseguem praticar, no dia-a-dia, a maior de todas as Artes: viver com dignidade!