quinta-feira, 15 de maio de 2008

A gente se acostuma

Marina Colassanti

Eu sei que a gente se acostuma.

Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas do redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma a acender mais cedo a luz esquece o sol, o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A comer sanduíche porque não dá tempo para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido a vida.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos. E aceitando os números, não acredita nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceita ter todo o dia, o dia-a-dia da guerra, dos números de longa duração.

A gente se acostuma todo dia a ouvir e a dizer ao telefone: “Hoje não posso ir!”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e o de que se necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho para ganhar mais dinheiro para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir comerciais. E ir ao cinema e engolir publicidade. A ser enganado, induzido, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos e das imagens pradonizadas de como devemos ser e viver.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo na madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. À não saber o que é e pra que serve a natureza.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.

Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo, conformado. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no final de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e fica satisfeito, porque, afinal de contas, está sempre com o sono atrasado.

Se acostuma a não ter que se ralar na aspereza pra preservar a pele.

Acostuma a evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca, da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma, para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta.

E que, gasta de tanto se acostumar, se perde de si mesma...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

DESABAFOS DE UM BOM MARIDO


Luís Fernando Veríssimo

Muito bom mesmo!!

Minha esposa e eu temos o segredo pra fazer um casamento durar:duas vezes por semana, vamos a um ótimo restaurante, com uma comida gostosa, uma boa bebida, e um bom companheirismo.Ela vai às terças-feiras, e eu às quintas. Nós também dormimos em camas separadas. A dela é em Fortaleza e a minha em São Paulo .Eu levo minha esposa a todos os lugares, mas ela sempre acha o caminho de volta. Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso aniversário de casamento. "Em algum lugar que eu não tenha ido há muito tempo!" ela disse.Então eu sugeri a cozinha. Nós sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras. Ela tem um liquidificador elétrico, uma torradeira elétrica, e uma máquina de fazer pão elétrica. Então ela disse: "Nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar". Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica. Lembrem-se, o casamento é a causa número um para o divórcio. Estatisticamente, 100 % dos divórcios começam com o casamento.Eu me casei com a "Sra. Certa". Só não sabia que o primeiro nome dela era "Sempre". Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la. Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha. Ela perguntou: "O que tem na TV?" E eu disse "Poeira". No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou. Depois, criou a mulher. Desde então, nem Deus, nem o homem, nem Mundo tiveram mais descanso. "Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo. Mas eu sempre acabava tendo outra coisa para cuidar antes: o caminhão, o carro, a pesca, sempre alguma coisa mais importante para mim. Finalmente ela pensou num jeito esperto de me convencer.Certo dia, ao chegar em casa, encontrei-a sentada na grama alta, ocupada em podá-la com uma tesourinha de costura. Eu olhei em silêncio por um tempo, me emocionei bastante e depois entrei em casa. Em alguns minutos eu voltei com uma escova de dentes e lhe entreguei." - Quando você terminar de cortar a grama," eu disse, "você pode também varrer a calçada." Depois disso não me lembro de mais nada. Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida". "O casamento é uma relação entre duas pessoas na qual uma está sempre certa e a outra é o marido..."

domingo, 11 de maio de 2008

A nova princesinha: Kauane


Como é lindo fazer parte de uma família tão linda e unida..
Dia 1º. de maio nasceu a 13ª. neta do lado materno..
E como é bom ver a felicidade de todos com a chegada de um novo membro da família
Como babamos, ficamos em cima e queremos estar ali, vendo tudo...
Tenho só a desejar a minha priminha muita paz e saúde...
Ela é linda mesmo...

sábado, 10 de maio de 2008

Qual é a graça de ser mãe??


Poderia te desejar somente Feliz dia das Mães, ou te encher de presentes. Poderia te levar para conhecer o mundo, te abraçar o dia todo e dizer que te amo!

Mas devo-lhe confessar que isso é pouco por tudo que uma mãe faz.

Às vezes fico me perguntando por que isso existe? Qual é o motivo desse amor incondicional, que por mais horrível seja uma criatura, não haverá importância o quão ela é inútil perante o mundo. O importante é que este ser ficou nove meses em seu ventre e nasceu, assim, uma mãe torna-se “escrava” deste ser. Escrava no sentido de estar ali para o que der e vier, seja no maternal, na infância, adolescência, e na fase adulta. Se pararmos para pensar, uma mãe faz de tudo e não pensa no futuro. O que essa criança se tornará a ser, mesmo porque uma mãe não traça a vida do filho. Ele decidirá o que é melhor para ele, e este não pode ser o melhor para você.

Então o filho cresce e virá um médico, uma advogada, que orgulho! Uma mãe diria valeu a pena. Ou vira um drogado, uma prostituta. O que a mãe faz? Não há soluções especificas, mas acredito que de tudo! E por mais que sofra, ela não desiste de seu filho. E daí, qual é a lógica da vida?

Porque se dedicar uma vida inteira a uma pessoa! Dar amor, alimento, estudo, proteção e depois ser despejada em um asilo pelos próprios filhos. Qual é a moral da vida de uma mãe? Padecer no paraíso? Acredito que não.

Há sim, alguns momentos que uma mãe padece no paraíso, mas depois, ela padece na preocupação, na angústia, no medo. Há ditados descrevendo que amar é sofrer. Imagine uma mãe!

A minha mãe devo dizer que reconheço todo o esforço dela por mim. Na maioria, nós filhos, somos muitos ingratos. Não percebemos a dedicação recebida. Mas eu reconheço isso. Infelizmente, não sou a melhor filha do mundo, sei que para isso há muito para mudar. Mas não dá, minha mãe não pode me obrigar a amar uma pessoa que ela queira, não pode fazer eu gostar de certas culinárias e me forme em medicina. Estes são traços determinados por mim.

Depois de ter meditado e lembrado o quanto já sofri sendo filha, conclui que não quero ser mãe. Há momentos bons como mãe, mas diante dos sofrimentos presenciados, os maus pesaram mais. Ficarei com os momentos melhores, curtir os filhos das amigas, os priminhos, e os sobrinhos do meu irmão.

Não quero desanimar as futuras mamães, mas do jeito que esta o mundo é difícil criar um filho. Haja coragem, mas para as que já são mães, eu só tenho a desejar Feliz dia das Mães!!