quinta-feira, 18 de junho de 2009

O IDIOTA E A MOEDA

ARNALDO JABOR

Conta-se que numa pequena cidade do interior um grupo de
pessoas se divertia com o idiota da cidade. Um pobre coitado, de pouca
inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas.
Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e
ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 REIS e outra
menor de 2.000 REIS.
Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo
de risos para todos.
Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se
ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.
"Eu sei", respondeu o tolo.
"Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a
outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda".
Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.
A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.
A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte
de renda.
Mas a conclusão mais interessante é: A percepção de que
podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso
respeito.
Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim,
quem realmente somos.
"O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota
diante de um idiota que banca o inteligente."